Pode confiar: Somos Vikings!

19 de janeiro de 2013

Pergunte para qualquer um na rua o que eles sabem sobre os vikings. Provavelmente a resposta girará em torno da descrição de "selvagens, burros, beberrões com elmos cornudos". E quem pode culpá-los? A mídia e os meios populares tem bombeado as pessoas e o público com a visão estereotipada e limitada dos povos nórdicos. Os chifres estão lá em qualquer mídia que se procure. A crueldade exagerada. "Matar, pilhar e destruir".

Desbravadores (2007)
Mas, a pergunta que deve ser feita é: Eles eram assim ou não, afinal?!
A origem do termo “viking” é muito debatida, para não demorarmos com o aspecto técnico da questão, vamos direto ao ponto: Em resumo, ao contrário do que a mídia diz, os povos nórdicos não são, automaticamente, vikings, visto que o termo define uma ação. O ato de “chegar de navio, saquear e partir”. O ato de pirataria.
Os estudos mostram que a sociedade nórdica era baseada em honra. A reputação de um homem era de fundamental importância e isso, por si só, já é um completo contraste com a imagem retratada dos beberrões inconseqüentes dos filmes.
O Hávamál (Palavras do Altíssimo) diz em:
012. “A bebida dos filhos dos homens
não é boa,
como eles dizem;
desde de que em sua própria mente
um homem sabe menos,
quanto mais ele bebe."
013. "Isso é chamado de garça do esquecimento,
que paira acima das festas de bebidas,
roubando a mente de um homem;
com as penas desse pássaro
eu fui acorrentado
no jardim de Gunnlöð."
E em:
019. “Não deixe o homem se manter sobre o copo,
todavia beba moderadamente o hidromel,
fale o necessário ou fique quieto;
de maus hábitos
nenhum homem te acusará
se você for ir dormir cedo."
Em seu manuscrito (adaptado por Michael Crichton no livro “Devoradores de Mortos”), Ahmad Ibn Fadlan cita-os como “a raça mais imunda que deus já criou” e diz:
“Toda manhã uma garota escrava traz uma tina de água e a coloca diante do seu amo. Ele começa a lavar o rosto e as mãos, e depois o cabelo, penteando-o sobre o recipiente. A seguir, ele assoa o nariz e cospe na tina e, sem esquecer qualquer sujeira, junta tudo nesta água. Quando ele já terminou, a escrava carrega a tina de um para outro, até que cada um na casa tenha assoado o nariz e cuspido na tina, e lavado o rosto e o cabelo.”
Entretanto, o clérigo John de Wallingford, fez um retrato completamente diferente dos povos nórdicos, vendo, inclusive, com maus olhos o excesso de zelo pela higiene daquele povo:
"Os Vikings, graças ao seu habito de pentearem o cabelo todos os dias, se banharem todos os sábados e trocarem de roupas com regularidade, eram capazes de minar a virtude de mulheres casadas e até seduzir as filhas dos nobres para serem suas amantes".
É muito provável que a visão de Ahmad Ibn Fadlan tenha sido movida por um certo preconceito, afinal, a sua fé dizia que deveria lavar-se apenas em água corrente.
Outro traço característico dos nórdicos é a grande importância do papel do anfitrião – até hoje, a Hospitalidade é considerada uma das nove nobres virtudes. Ahmad Ibn Fadlan em seus estudos disse:
“Os nórdicos davam grande importância ao papel de anfitrião. Saudavam cada visitante com efusão e hospitalidade, muita comida e roupa, cabendo aos condes e nobres a honra da hospitalidade maior.”
E o Pai de Todos nos ensinou no Hávamál:
003. “É necessário fogo
para aquele que chegou
e seus pés estão gelados;
de comida e roupas,
o homem necessita,
aquele que viajou das montanhas."
004. "É necessário água
para aquele que chegou para se alimentar,
de toalha e de um convite,
de boa disposição,
se ele puder conseguir,
com conversa e silêncio em retribuição."

Vikings?!
Em Germânia, Tácito os descreveu como tendo “olhos turvos e cerúleos, cabelos loiros, grande estatura, e somente impetuosos no ataque. Para as fadigas e trabalhos, não têm paciência e não podem tolerar a sede e o calor; suportam porém o frio e a fome, em conseqüência do clima e do solo”. Uma afirmação que é corroborada por Ahmad Ibn Fadlan:
“Nunca vi um povo tão gigantesco: eles eram altos como palmeiras, e de compleição ostentosa e corada.”

Lost Vikings (1992, by Blizzard Entertainment).
E quanto ao aspecto mais característico e estereotipado dos Vikings? E os chifres? Não! Pelo menos é o que os achados históricos mostram. Nenhum achado aponta o uso de chifres em elmos. Pelo contrário.


Estatueta de Thor - Séc IX; Irlanda.

Entalho sob pedra de Thor – Séc XI; Suíça.
De onde veio a imagem do guerreiro babando por sangue usando chifres no elmo é difícil de dizer ao certo – a maioria vai dizer que isso é consequência de um complexo processo de “demonização” das divindades das eddaicas por parte das religiões cristãs. Colocar chifres em deuses pagãos e em seus seguidores seria a forma mais fácil de associá-los ao demônio cristão.
A explicação mais historicamente aceita remete às operas do século XIX que, visando tornar os vikings mais ameaçadores e bárbaros, implementaram esse aspectos.
Entender os nórdicos (e, por consequência, os vikings) é um passo fundamental para entender as tradições e as divindades que nos circulavam. É preciso respeitar e dedicar as devidas homenagens aos nossos ancestrais e aos ancestrais desbravadores, para podermos nos conectar de forma eficaz com as crenças, deuses e espíritos que nos envolvem.

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