Uma virtude a mais: A Paciência

12 de abril de 2014


Hail irmãos do Kindred!

Hail Visitantes!

Estou aqui mais uma vez para publicar um texto um tanto fora do meu estilo, hoje vim aqui para dar um conselho bastante simples já expresso no título deste artigo: “Tenha paciência”. Esse conselho vale para todos, mas em especial o direciono para aqueles mais jovens que se tornam muito afoitos por práticas de magia nórdica, blóts e sumbels, prática oracular pelas runas, declaro também que até mesmo eu ainda considero-me jovem aos 28 anos, prefiro acreditar como disse certa vez um irmão do Stor-Ljon Kindred, que sabemos quando alguém é realmente um pagão asatruar, quando passa dos 30 anos conservando a mesma crença nos deuses. O que me lembra de certa forma a Utopia de Platão, na qual os homens e mulheres mais aptos intelectualmente somente começariam o estudo da filosofia aos 30 anos, já que os questionamentos e discussões mais elevadas poderiam prejudicar os espíritos mais jovens e impacientes. É claro que não estudamos filosofia em nossos Kindreds, mas o prejuízo que uma prática muito precoce do paganismo nórdico por parte de pessoas não preparadas e com a mentalidade ainda muito confusa pode causar problemas.

Não digo que a idade mínima para tomar parte das práticas rituais deva ser de 30 anos ou qualquer outra idade, mas digo apenas tenham calma, primeiro dediquem-se aos estudos, sei que é um conselho já bastante batido, mas ainda vejo muito jovem, muitos menores de 18 anos ávidos por tomar parte no Sumbel ou oferecer o chifre aos deuses num Blot, não tenham pressa, vocês tem uma vida inteira para isso. Lembre-se de que você não nasceu na Escandinávia no período pagão, portanto, a formação do seu imaginário não é a mesma dos ancestrais, daí vem a necessidade de tempo para ter certeza de suas convicções e assimilar o imaginário necessário para tomar parte ativa na religião.

Ainda mais comum nesses fenômenos marcados pela pressa na prática está um encanto desesperado por “usar as runas” para prever o futuro e fazer rituais de magia para “moldar a realidade”, cuidado jovem, eu mesmo nunca me senti preparado para ler as runas ou praticar outras formas de magia, prefiro pensar que sou apenas um homem comum, que faz suas oferendas e respeita os poderes divinos, prefiro deixar essas práticas para os mais preparados. Sugiro que você comece a reparar como o funciona o ego de muitos autodeclarados pagãos, é incrível a quantidade que usa pseudônimos como Odhinsson, Ragnarsson, Thorsson, etc. Reparem também na quantidade de pessoas que assumem o arquétipo do mago, da volva, do berserker, do jarl, do guerreiro, etc me impressiona como ninguém quer ser o homem ou a mulher simples, sendo estes dois últimos os últimos a abandonarem o paganismo e converterem-se ao cristianismo.

Digo ainda que, se preocupem primeiro em conhecer a fundo a religião e os mitos, tenham certeza de que é realmente isso o que desejam e que vocês sentiram verdadeiramente um chamado ancestral para assumirem sua raiz pagã. Faço também questão de lembrar um erro muito comum entre jovens praticantes e até alguns “velhos”, que é o erro de pensar que no Asatru como uma oposição ao cristianismo, não somos oposição ou negação de coisa nenhuma, nossa religião é afirmativa, somos o que somos, estamos aqui para honrar nossa herança espiritual e não para combater outras religiões, se você deseja seguir esse caminho de negação e até escárnio, procure o grupo mais adequado para isso, mas sabia que não é o Asatru.

Saibam também que não aceitamos o sincretismo em nossa religião, somos tradicionalistas e reconstrucionistas, portanto, nos dedicamos através do estudo das eddas e sagas, reconstruir a antiga fé e manter acesas as tradições de nossos antepassados, apenas abolindo às práticas incompatíveis com a modernidade, tais como o sacrifício de seres humanos e animais, apesar de haver debates quanto ao último tema. Se você tem dúvidas sobre algum tema como, por exemplo, casamento, monogamia/poligamia, infância ou qualquer outra questão moral, meu conselho é ler as eddas, sagas e relatos de viajantes como Tácito ou Ibn Fadlan, esses textos ajudarão a compreender esse tipo de assunto.

Não tenha medo de fazer perguntas, mas preocupe-se em não respondê-las levianamente, pois algumas perguntas podem demorar anos para serem respondidas, enquanto outras questões talvez nunca sejam.

No artigo “Asatru: Viking Metal, Quadrinhos e RPG”, tratei da comum associação entre música, HQ’s e RPG com nosso paganismo, bem como da necessidade de separar seus gostos pessoais por música, literatura de quadrinhos e jogos de RPG da verdadeira religião que é o Asatru, recomendo que leiam também esse texto, que serve como complemento do presente texto.

Caso você sinta-se amadurecido e devidamente esclarecido para prosseguir nas práticas do Asatru, desejo-lhe muita força e honra para erguer e carregar a bandeira do corvo. E lembre-se que Asatru é coisa séria, não estamos aqui para praticar um mero “hobbie”, devemos honrar nossos deuses e ancestrais, devemos ser verdadeiros irmãos daqueles que compartilham do Blots e Sumbels, precisamos estar preparados para socorrer estes mesmos irmãos e suas famílias, lembre-se também que se você está correndo da moral da judaico-cristã e está em busca de uma religião sem moral, esqueça, pois apesar de não termos mandamentos, temos nove nobres virtudes a seguir , assim como o exemplo de diversos heróis, então não pense que é fácil.

Wassail!

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